sábado, 3 de novembro de 2007

Os mortos





No que há e mais parecido a um carnaval no México, todos se disfarçam e vão às ruas para comemorar o dia de mortos, cada vez mais parecido a um halloween gringo. Se vêem vapiros, diabinhos, uma infinidade de Chucks e Freddys assassinos. Poucas mas bem produzidas meninas vestidas de Catrina são algo que vale a pena ver. Não tenho ideia da quantidade de pessoas que ainda fazem altares para seus mortos, com todas as coisinhas miúdas que eles gostavam...cigarros, tequila, música, comida. Engraçado, assumimos que o que os mortos têm saudade mesmo é dessas coisas que na verdade são o que somos, nossos vícios, virtudes e gulas. Por isso, fiz pra minha comadre Keka e meu amigo Alexandre, um altarzinho com todas essas coisas mencionadas já que os dois eram da boemia. É diferente pensar nos mortos aqui no México.

Esse ano na UNAM o tema das oferendas era José Guadalupe Posada, talvez o artista gráfico que mais deu cara à morte moderna mexicana. Ele usava a representação mais simples e ao mesmo tempo mais completa da morte, as caveiras, os esqueletos. Seus gravados satirizavam a alta sociedade e os políticos do México há mais ou menos 100 anos. Guadalupe dizia que a morte é democrática e todos um dia vamos virar caveira. A morte ganhava contexto de revolução comunista, igualando a todos uma vez que somos só ossos, despidos.

domingo, 28 de outubro de 2007

Reflexõs ocasionais

Conhecer um pouco da língua espanhola tem me conduzido por um mundo desconhecido. Eduardo Galeano, por exemplo, a quem eu já tinha lido nos meus 16 anos e que me levou de viagem pelas veias abertas do nosso continente, voltei a encontrar agora em sua língua natal. Aquela América que conheci por ele, falava um idioma que me soava algo sensual mas também patético, pois era coisa de la garantía soy yo, era um idioma meio... "paraguaio". Voltei a ler Galeano em duas ocasiões aqui no México. A primeira, uma coleção de crônicas sobre futebol cuja edição que possuo traz ao time do Santa Cruz retratado ao estilo bonecos de barro. El fútbol a sol y sombra é a meneira de um uruguaio ver esse tão maravilhoso esporte. As crônicas são embebidas de uma maneira muito peculiar de pensar de Galeano. Ele atribui a nós latinoamericanos a criação do futebol esporte, já que esse antes era jogo de bárbaros ingleses que até canivete levavam ao campo. Afirma que foram os negros do Brasil e os guaranís da Bacia do Prata que deram ao futebol a magia e a alegria que até há pouco tempo caracterizava o futebol sul-americano. Dessa maneira, Galeano afirma novamente a importância do latino modo de ser.
Agora estou lendo Memoria del Fuego (vol. 1) que é uma história alternativa da América, segundo palavras do próprio autor. Numa poética e ampla narrativa em forma de micro contos, Galeano reproduz personagens e histórias de ambos lados do frente de batalha pela conquista da América. Somos a mesma ferida aberta. Por culpa de Eduardo Galeano a latinidade ideologizada e intelectualizada se meteu na minha cabeça. Agora com um pouco do espanhol dominado, com Cem anos de solidão e Don Quixote na fila de leituras em espanhol, começo a entender um pouco mais dos nossos vizinhos, começo a entender de verdade que significaria esse sonho realizado de uma América unida. Essa alma de Quixote é nossa de berço, assim como o ingenioso hidalgo, fazemos de cada derrota, uma épica vitória .

sábado, 20 de outubro de 2007

Caçada

Pequei! Atuei contra minha religião. Ontem a convite de Raymundo saí para caçar.
"Mas que diabos faz um biólogo caçando?" Pensei. Foi irresistível o convite para sair em canoa, atravessar o rio Hondo até Belize, remar mais de uma hora debaixo do sol escaldante das duas da tarde, passar por pastagens naturais inundadas pelo crescido rio, ver aves aquáticas, selvas inundadas, uma mistura de pantanal com amazônia em pleno Caribe. Tudo isso pra caçar um veado. Assim foi. Chegamos a uma ilha de floresta rodeada por pastos inundados por mais de 1m de água que se transbordou das margens desse estreito mas farto rio que divide México de Belize cujo curso segue uma falha geológica que gerou também lagoas por toda essa zona. Eu como bom branquelo, amarelo, leitoso, já estava com os braços rosados, resultado do forte sol. Mais um motivo para Raymundo passar mais de meia hora fazendo das suas piadas sobre minha suposta origem "gringa". Ah, conosco ia também Estéban, compadre de Raymundo e seu dois cachorros: Bombero, de meia língua, depois que um facão acidentalmente usado cortou a metade; e Shaggy, em homenagem a um cantor de Reggeaton que tanto lhe agrada. Dois autênticos vira-latas puro sangue. Estéban é um homem muito supersticioso, me contou que uma vez um jacaré lhe mordei a cabeça, nada grave porém só sarou completamente depois que ele matou o dito cujo e o comeu. Estéban e eu íamos debatendo sobre a eficiência do seu método para limpar narizes de cachorro que consistia em passá-los por baixo da canoa 9 vezes para que espirraram todo o catarro depois de engolir muita água pelos narizes. Raymundo só ria, e remava, numa postura muito confiante como se observara a dois meninos discutirem sobre assuntos sem importância. Enfim chegamos à ilha de floresta. Estéban desceu da canoa com água pelos peitos e seus dois cachorros o seguiam meio nadando meio escalando as cortantes folhas de capim-tiririca. Raymundo e eu, remamos de volta ao lugar que segundo seu faro de caçador seria por onde os veados iam passar nadando depois de espantados pelos cachorros. Eu confesso que até gostei da idéia de ficar esperando os bichos na canoa, pois andar pela ilha de floresta todo molhado, seguindo vira-latas entre milhares de troncos caídos como resultado do furacão Dean era um tanto sofrível.
Pois saímos para dar volta ao lugar previsto por Raymundo como passagem de veado. Pensei: "será possível que esse danado possa prever por onde vão sair os veados?" Mal terminei de pensar essa bobagem quando vejo um veado nadando a escassos 20 metros da nossa canoa. Gritei como um desesperado apontando o bicho que Raymundo ainda não tinha divisado. Um parênteses: esse foi meu maior orgulho, tê-lo visto antes de meu amigo, que só não o veria um segundo depois se fosse cego, mas foi meu orgulho. Raymundo se levanta na canoa, me ordena parar de remar e dispara, falhou, não acertou o bicho que agora parecia correr sobre a água. Raymundo volta a sentar-se e me grita: rema Felipe, rema porra, rema caralho, não pare de remar, mais forte porra! Eu parecia um motor de 200 cavalos, remando e vendo que aos poucos íamos alcançando o bicho que já quase chagava num mangue onde poderia salvar sua vida de tão impenetrável que eram as raízes. Nesse momento o veado deu meia volta e começou a nadar na direção contrária. Foi perfeito, Raymundo mandou-me parar de remar, a canoa foi se acalmando e ele se levantou novamente disparando um certeiro tiro na cabeça do animal que aí mesmo ficou boiando e sangrando. Eu gritei como um índio de faroeste, feliz da vida subi o animal à canoa. Nessa hora me dei conta do sucedido, da emoção da perseguição, do esforço físico, da satisfação de caçar. Me lembrei de uma sensação parecida que sentia ao caçar passarinho, ao pescar no Pontal de Maracaípe por horas seguidas, de matar gatos à badocadas em Maceió na casa de minha Tia Nice. Tive muitas horas mais para pensar num monte de coisas, pois ficamos esperando que saísse outro veado nesse lugar de água e selva. Pensei no que nos une aos primeiros hominídeos, pensei na nossa natureza humana. Mais além da questão da conservação da natureza... pensei nos nossos hábitos modernos, nos supermercados, no fast-food, na comida maravilhosa que desfrutei nos restaurantes. Pensei que comer passou a ser só comer, que quase não se cozinha e se sim, com tantas facilidades que nem sentimos. Plantar, caçar, só em aventuras ou como terapia ocupacional. Pensei que Chico provavelmente não caçará passarinhos, nem lagartixas. Não por ser politicamente incorreto, mas porque em 10 anos seremos quase 9 bilhões de seres humanos na terra e que qualquer passarinho ou veado fará a diferença. Pensei que Raymundo caçaria o veado comigo ou sem mim com tem feito toda sua vida pra ver se aliviava a culpa que não sentia. Pensei que pelo menos plantar deveria ser matéria obrigatória na escola, que todos deveríamos conhecer no mínimo o que significa produzir alimentos. E... depois de tudo isso, comi um caldo de veado maravilhoso.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Poema

As mulheres de cabelo curto
são como meninas em traje de lobas.
São uma espécie de quimera andrógina
cujo sexo está no pescoço, orelhas, nuca...
tudo exposto.
Graças ao des-manto de cabelos.

sábado, 8 de setembro de 2007

A nossa marca no planeta


Esse semestre estou dando aulas de biologia da conservação novamente. Eu gosto de dar aulas, sobretudo quando se trata de de temas como a conservação da diversidade biológica no planeta. Um dos temas introdutórios trata dos efeitos do crescimento pupulacional sobre a biota do planeta. Mostramos aquelas curvas de crescimento da população humana nos últimos 5000 anos, estimamos a população do planeta para daqui a 10, 20, 50, 100 anos e o resultado é invariavelmente aterrador. Então começamos a entender porque o nosso impacto sobre o planeta é tão devastador. Nossos padrões de consumo, nosso estilo de vida, o capitalismo... tudo leva a uma equação sem igualdade, ao desbalanço. Bom, mas e eu com isso? Os hábitos e estilos de vida de cada um tem um impacto que pode ser medido e tem nome: pegada ecológica.

A pegada ecológica é um conceito fácil de se entender: é aquantidade de terra em hectares, que cada ser humano necessita para manter seu padrão de vida e consumo. Por exemplo, minha pegada ecológica sobre o planeta é de 3.7 hectares, o que significa que seriam necessários 2.1 planetas (já que atualmente só existem 1.8 hectares de terra produtiva por pessoa). Issoporque não uso carro...em compensação vôo em avião, como carne diariamente e produzo muito lixo. Querem ter um idéia de seu impacto sobre o planeta, calculem sua pegada ecológica e reflitam nos seus hábitos. Reflitamos sobre o futuro possível da nossa espécie. Não sei, mas acho que Chico viverá em tempos difíceis.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Feliz

Aliviado agora por saber que na minha área de estudo ninguém teve sua casa destruida, ninguém se machucou e que somente algumas árvores caíram. Raimundo e sua família ainda têm casa, eu tenho meus experimentos intactos... Adeus Furacão!!!

terça-feira, 21 de agosto de 2007

No olho do Furacão

A lei de murphy é realmente poderosa. O pão sempre cai com manteiga pra baixo... e justamente quando estamos na penínsual de Yucatán vem um furacão categoria 5. É muito estranho ver as pessoas se prepararem para uma tragédia. Estávamos em Chetumal até o domingo dia 19 de manhã, um sol da moléstia e segunda à noite essa cidade onde vivem alguns dos bons amigos que fiz no México está inundada, sem energia e sem telefone. Até agora, 12:17 pm não consegui ligar para meu ajudante de campo que vive a 30 km ao sul de Chetumal e que seguramente deve ter perdido uma de suas casas (a de teto de palha) com a passagem do maldito furacão. Meus experimentos devem ter voado longe com ventos de 260 km por hora a sacudir as árvores da floresta que, espero esteja em pé ainda. Nós em Mérida estamos bem, aqui só chuva e um pouco de vento mas não posso deixar de pensar nas pessoas lá do lugar onde trabalho, sobre quem inclusive já escrevi nesse blog.
A natureza nos dá novamente uma boa ideia de nossa pequenês.

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Por falta de tempo e inspiração vou enrolando meus seis ou sete leitores com umas Fotos

Bom proveito!

quarta-feira, 11 de julho de 2007

E por falar em maravilhas e patrimônios...

Gostaria de encontrar um explicação razoável e fácil que me faça entender porque diabos o Cristo Redentor foi considerado uma "maravilha" planetária. A única coisa que merece ser maravilha alí é a vista, e só. Então dá o título de maravilha para o Corcovado e não pro Cristo, ora.
Agora pensando maquiavelicamente...
Esse concurso foi uma aventura privada de um bilionário suiço que obviamente deve ter ganho outro bilhão com essa conversinha mole. Para os países e empresas que compraram a aventura o lucro foi: mensagens de texto para votar por celular ($$$ para as companhias telefônicas); votar por intenet ($$$ das progagandas em distintos sítios); a Globo agora é que vai nos inundar com a nova "maravilha" como se já não bastasse; o turismo que vai atrair ainda mais maravilhados para ver a nova maravilha. No fundo disso a mercantilização do que seja, símbolos religiosos, sítios arqueológicos, monumentos arquitetônicos...
Maravilha mesmo é como tudo isso vende tanto.

E pra rir um pouco assitam esse filme abaixo
Pedra Nua

sexta-feira, 29 de junho de 2007

UNAM da humanidade






Eu nunca dei muita importância para esse negócio de patrimônio da humanidade. Sempre me pareceu como ser imortal da academia de letras no Brasil, até Bob Fields e Roberto Marinho já foram. Existe um monte de lugares que são patrimonio da humanidade, cidades velhas como Olinda, que na verdade tem um grande significado para nós pernambucanos, seja pelos carnavais inesquecíveis que passamos lá, pelas tardes de domingo pra filosofar e comer tapioca. Mas aos olhos de um turista nem é lá essas coisas, a humanidade estaria pouco se importando com Olinda. Digo isso porque aqui no México visitei alguns lugares "patrimônio" e aos olhos de um visitante mais chato feito eu, Igrejas e palácios nunca deixaram de ser um símbolo da opressão pela que passaram os mexicanos no passado, sem falar de agora, claro. Achar sim, que isso é um patrimônio da memória sangrenta da América.

Bom, mas nessa infinidade de patrimônios da humanidade, há um declarado recentemente que me toca em especial, a UNAM. A Universidade Nacional Autónoma de México teve seu campus da Cidade Universitária declarado patrimônio cultural da humanidade essa semana. Essa foi a justiça que por exemplo não foi feita à Mario Quintana na ABL. A UNAM sim, merece figurar aí, mas porquê?
Há vários motivos que serviriam de pretexto para isso, mas alguns são especialmente válidos:
1) O campus é uma maravilha arquitetônica moderna, construido nos anos 50 existem edifícios que imitam pirâmides, aproveitamento de águas, uma reserva ecológica, um estádio que foi usado nas olimpíadas de 68...
2) Os edifícios estão decorados com pinturas das mais expressivas do movimento muralista mexicano, pintores como Diego Rivera e Alfaro Siqueiros têm murais na UNAM. E todos, sem excessçao têm como tema o conhecimento como arma para a liberdade.
3) A Biblioteca Central é o melhor de todos. Um edifício de uns 30 metros de altura completamente cuberto de um mosaico que conta a história do México e da América Latina, uma preciosidade sem igual em detalhes, beleza e sentido.
4) O escudo da UNAM não traz inscrições convencidas como virtus impavida e outras baboseiras como leões quem sabe mais o que. O escudo da UNAM é composto por uma águia (mexicana) e um condor (andino) que se protegem o escudo que traz nada mais que um mapa da América Latina, do México pra baixo. Em volta do escudo existe os dizeres, em espanhol,"Por mi raza, hablará el espíritu". Tudo isso está sobre a figura dos vulcões que se avistam de qualquer ponto da cidade quando não há muita poluição. É a unidade latino-americana, esse ideal tão bonito e tão perseguido, materializado no escudo da maior universidade latina.
Isso sim merece ser patrimônio da humanidade, todo esse conjunto de valores é digno de ser compartilhado pela humanidade.
Mas o melhor disso tudo é poder estudar aqui.
Viva a UNAM.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Nas noites infinitas do Engenho do Meio
Eu olhava pela janela
Acendia um cigarro e via
Luzes na direção do mar.

Um trago...tudo que eu nunca seria.
Outro trago... aquela mulher que queria.
Mais um trago... fffffffffffffffffff
O último... dormia.

domingo, 17 de junho de 2007

Sobre a formação de um biólogo


Durante minha graduação em biologia eu sofri de enamoramento por diversas áreas da biologia. Primeiro, consegui um estágio em um laboratório de bioquímica, com direito a usar bata e manipular pipetas de precisão. Aprendi em alguns mêses a fazer uma "curva de sei lá o quê" depois de diluir uma proteína num líquido qualquer. A professora me elogiou uma vez dizendo que eu tinha feito uma excelente curva. Nesse mesmo dia eu abandonei esse laboratório porque percebi que tinha feito algo bem sem nem saber o que fazia e isso me pareceu uma armadilha perigosa. Depois desse laboratório, estagiei no Espaço Ciência de PE. Esse sim foi excelente, me dava bolsa e eu sabia exatamente o que fazia lá. Dava aulas para crianças e jovens com a missão se despertar-lhes a curiosidade pela ciência, o gosto pelo conhecimento. A biologia começava a ter sentido pra mim. Os seguintes estágios foram uma sucessão de experiências fracassadas com professores sem a mínima noção de ciência. Mas como afirmei antes, eu me enamorei de todos eles, mas como passa a quase todo enamoramento súbito (o que é muito diferente do amor), essa quebra inicial de barreiras é logo sucedida pelo tédio da falta de porquês.

Durante esse período, fui a muitos encontros de estudantes de biologia, nacionais e regionais. Uma das grandes vantagens desses encontros era trocar idéia com todo tipo de gente sobre a biologia e o papel do biólogo no mundo. Dominava a noção de responsabilidade social do biólogo. Uma mescla de pseudo-hippismo pós-moderno com um socialismo elitizado, tudo isso dentro de um paradigma muito forte de sustentabilidade. As "comunidades" eram a chave de tudo, o trabalho com as "comuniades" enobrecia o biólogo e o desprezo (ou diria despeito) à ciência se tornou uma posição politicamente correta entre os que compartilhavam dessa visão de mundo.
Fui partidário dessa idéia por muito tempo até que vi que esse ativismo pesudo-hippie tampoco representava uma alternativa de solução para os problemas ambientais e muito menos para a inserção do biólogo na sociedade. Por outro lado a "ciência" que eu conhecia era quase totalmente descomprometida com o mundo e até mesmo com a própria ciência. E foi dentro desse dilema que me formei como biólogo.

Um dos lados desse dilema me persegue até hoje, já que num doutorado é mais difícil encontrar pseudo-hippies uma vez que por definição esses não são chegado à ciência. Por outro lado, abundam a falta de compromisso e de sentido na ciência. A imersão num tema de estudo pode isolar tanto um cientista que o torna um bicho estranho. O grande biólogo Edward O. Wilson chegou a afirmar em seu livro Naturalist que para ser bom em algo, um biólogo deve ser capaz de se fusionar com seu objeto de estudo. É essa fusão que muitas vezes deforma o papel do biólogo na sociedade, o torna uma criatura sem muito traquejo social, até para questões de convivência. O objeto de estudo se torna um fim em si. Mas, não será todo objeto de estudo um fim em si?

É perigoso pensar que a ciência deve ter uma motivação prática, uma aplicação. Muito do nosso conhecimento hoje em dia, pra não citar os famoso avanços tecnológicos que possibilitaram a sociedade industrial, veio de descobrimentos e teorias sem pretenção prática no momento de sua descoberta ou proposição. Isso mostra que a ciência é importante, que tem valor. Mas ainda que nunca chegue o dia em que o estudo da seleção sexual entre libélulas tenha uma aplicação no mundo, ele pelo menos contribuirá para um maior entendimento da natureza, da evolução da nossa história como parte do planeta.

Não quero me fundir com meu objeto de estudo ao ponto em que me transforme numa árvore, isolada e passiva. Tampouco acredito no "bom selvagem" que supostamente habita dentro de nós e cuja liberação coletiva será a panacéia da humanidade. Penso que a vida me deu chance de fazer o que eu gosto e que o que eu gosto de fazer tem o potencial de contribuir com um mundo melhor. Pensando como um budista, busco o caminho do meio.

sábado, 9 de junho de 2007

Bundas, bicilctas e biocombustíveis


Pedalando nús. Assim os espanhóis fazem seu protesto a favor de mais ciclovias e menos carros. É evidente que tem impacto, afinal bundas, ovos, peitos e xerecas sobre duas rodas pelas ruas de Madrid é no mínimo chamtivo.
No fundo disso tudo, a propagação de uma nova maneira de viver, menos dependente dos carros num mundo cada vez mais preocupado com o que vai mover os carros em alguns anos. É parte desse altermundismo que somente aparece na mídia como um movimento "anti-globalização" cada vez que o G-8 ou o Banco Mundial se reúne. É mais uma das estratégias de desinformação implementadas pelo "establishment" anglo-saxão. Esses protestos, na verdade, estão longe de ser anti-globalização, eles são convocados e propagados por internet. Eles existem porque hoje, devido à globalização, conhecemos mais realidades, ainda que virtuais. A globalização é positiva, é enriquecedora, é diversificante... a globalização pode ser a saída da rua-sem-saída em que a humanidade se meteu. "Um outro mundo é possível" é o lema dos altermundistas, termo que sim descreve bem aos que acreditam que a humanidade tem salvação e que essa passa justamente pela globalização das riquezas, das alternativas exitosas, das visões de mundo.

Por falar em alternativas... Ando muito preocupado agora com essa história de biocombustíveis. A Mata Atlântica sofreu seu pior período de devastação durante o pró-alcool e em breve pode sofrer o golpe de misericórdia quando as terras produtoras de cana-de-açúcar de PE voltem a alimentar os pés de cana e os bolsos dos usineiros para produzir álcool. O tiro pode sair pela culatra se substituímos petróleo por biocombustíveis mas não mudamos nossas políticas de consumo energético. Por isso, um otro mundo é possível, mas esse terá que ter menos carros e mais bicicletas e porque não mais bundas à mostra.

sábado, 2 de junho de 2007

Ainda sobre Venezuela

Esse assunto é irresistível. A novidade agora é que o senado brasileiro pressionado pela mídia aprovou uma moção de repúdio contra o fim da concessão da RCTV. Ora, porque o senado brasileiro, tão defensor da democracia, nunca se manifestou quando a Venezuela sofreu o golpe de 2002? Porque o senado não dá a mínima bola para as eleições fraudulentas no México e nos EEUU? Ah não, isso não. Se a questão e de se intrometer em assuntos internos de outro país soberano, porque então o senado foi aprovar essa moção contra nossos vizinhos? Quem se intrometeu em quem?
Se a função da câmara alta é defender a democracia, mais, a liberdade de expressão, então porque diabos o Brasil praticamente não tem TV pública? Porque isso nunca fez parte de uma projeto de nação para nossos governantes?
O problema dessa "crise" é um só: a velha luta de classes. Para os poderosos, as coisas têm dois pesos e duas medidas. As elites não estão dispostas a ceder nem um milímetro em seus privilégios. O fim de uma concessão a uma entre muitas cadeias de TV privada na Venezuela é motivo para falar em censura. Porque antes disso ninguém tinha conhecimento de censura na Venezuela? Mesmo com a mídia privada mundial em plena campanha anti-chavista.
O senado brasileiro devía se preocupar com coisas mais nobres, não preciso dizer quais, do que prestar-se a esse papel ridículo de se deixar pressionar pela mídia privada brasileira que vê no exemplo da RCTV um precedente para o continente.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

Pra pensar sobre a midia



Vale a pena ver esse video par entender algo sobre esse negócio de não renovar concessão da RCTV em Venezuela. Não há limites para a midia privada. Mas deve ter limite a mídia? Vale a pena pesar.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

O Medo

O medo, esse vento que sopra forte. Lembro-me de alguns os meus medos, de como eles se manifestavam, de como eles mudavam, de como desapareciam de repente. Quando criança, acampando em Maracaípe, tinha medo das ondas do mar quando estavam muito fortes. Levei alguns sarrabulhos meio violentos, desses que nem sabia onde era encima nem embaixo. Mas curiosamente nunca desisti de entrar no mar com ondas, surfava com minha pranchinha. Não era o caso de que já não tinha medo, ele por vezes vinha, eu o sentia forte. Mas dependia de mim. A escolha era fácil, entrar no mar ou não, sem muitas conseqüências de qualquer decisão que tomasse.

O medo atualmente mais freqüente é o de dar rumo a minha vida. Que coisa difícil essa de ser responsável de si! Porra, com 20 e poucos anos eu às vezes queria estar empregado numa empresa qualquer, que me dessem ordens, que eu não fosse responsável de mais nada além de chegar na hora ao trabalho. Às vezes invejo quem ainda vive com os pais, que tem casa, comida, um quarto. Sim um quarto, esse mundinho que de tão pequeno é tão fácil controlar. Porra, pra que fui inventar de estudar biologia, de seguir carreira de cientista, de estudar infinitamente, de pensar sozinho, de não receber nem dar ordens. Por quê caralho fui sair do meus país, da comodidade dos amigos, da família, do Recife, fedorento útero onde facilmente me escondia? Ai, ai, que saudade de não ser responsável por quase nada.

Mas inevitavelmente eu estou aqui, no outro hemisfério, na outra América, ao norte da vida. Em poucos anos, eu estou casado, com um filho, fazendo um doutorado de maneira quase autodidata. Hoje acordei com medo, reconheço. Estou de saída ao campo para 16 dias de trabalho. Coletar dados de um projeto que eu pensei só, consegui financiar só, dados que terei que digerir só, escrever só. Queria agora voltar à escola, fazer o dever-de-casa e passar de ano, sem mais.

Mas a vida às vezes é “cabrona” e a oportunidade que estar aqui, no México, me exige que eu cresça rápido, sim rápido, muito rápido. Um projeto de doutorado parido sem parteira, e que cresceu sem mãe, de repente quer crescer e rápido, como tudo aqui pra mim. Falta pouco mais de um ano de bolsa, uma tese inteira que escrever, alguns dados que coletar, muitas coisas que ler e aprender. Isso me dá medo, medo de não resultar como eu imaginava. Sinto-me como uma mãe adolescente, que quando grávida até causava inveja entre suas amigas pela barriga linda, pela vida que gerava tão cedo, por ser mulher precocemente. Mas logo que nasce o rebento, sente o peso de ter sido mãe tão cedo e inveja as amigas porque apenas começaram a beijar na boca. Começo a pensar, se eu tivesse feito daquela tal maneira, teria sido melhor, blá, blá, blá. O medo é como um dedo naquela ferida velha e incurável de ser só, essa condição inevitável e por vezes até indesejável.

Meu único consolo frente a essa condição é, paradoxalmente, o de descobrir as coisas da vida e de um doutorado, por mim, só. É dessa batalha comigo mesmo que me alimento todos os dias. Só mesmo sendo psicólogo pra entender isso, e olhe lá. Sei que esse medo, que acho que no fundo é de mim mesmo, vem, vai embora e vai voltar novamente. Mas quando penso que me acostumei com isso, errado. O medo às vezes sopra forte na minha cara e não me acostumo.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

Papa merda


Cinco dias no Brasil, 5 dias da presença de um chefe de estado no Brasil, uma longa semana de cobertura exaustiva e insuportável da mídia cristã brasileira para encher o saca até dos mais cristãos. As manchetes são distorcidas propositalmente: "Lula não falou de aborto com o Papa". Porque não pensaram uma manchete assim: Lula e o Papa falam sobre a importência da família e apoio à juventude. Esses sim foram temas da conversa ,mas porque será que a mídia dá tanta importância ao não discutido? Esse comportamento é a expressão da preocupação das direitas católicas com o ocorrido aqui no México, que ao depenalizar o aborto abre um precedente imenso na grande e católica América Latina. Cada vez mais me convenço do papel da nefasta igreja apostólica romana no nosso continente.
¡COMA MIERDA PAPA!

terça-feira, 8 de maio de 2007

Encuerados en plaza pública


Spencer Tunick esteve no México e tirou a roupa de 20 mil mexicanos em plena praça do Zócalo onde antes era a esplanada azteca. Nem nesses tempos se viu tanta gente com os documentos à mostra. Ter que chegar às 4:30 da manhã e não ter com quem deixar Chico nos impediu de ir, até já nos havíamos inscrito. Que inveja!

sábado, 5 de maio de 2007

Aborto no México


O México é seguramente um país conservador, oprimido pelas convenções servis impostas pelos conquistadores e pelo controle moral da igreja católica. A opressão à latinidade, assim como a concebo, se percebe facilmente no modo de vestir do mexicano, por exemplo. Agora que faz 30 graus aqui a 2200m de altitude, ainda assim os mexicanos capitalinos se cobrem, usam casaco. As janelas continuam fechadas, como de costume. Ponha um mexicano numa roda com outros latinos e vão ver como uma fera aprisionada se solta. Ponha esse mesmo mexicano entre outros mexicanos e observe que dizer 'xoxota' causa crises de um riso envergonhado. A igreja, a 'virgencita', anos a fio de governos direitistas e conservadores aprisionaram um povo.
Paradoxalmente, o parlamento do Distrito Federal (Cidade do México), que é de maioria de esquerda, acaba de aprovar a despenalização do aborto. Não vale para todo o país, só para o DF. Federalismo, pois. Em meio a protestos desesperados da corja católica que protege pederastas, o parlamento disse sim a um direito básico, o de ter poder sobre seu próprio corpo. A igreja disse que vai excomungar o governador e deputados que votaram a favor da lei. O Vaticano esbravejou, mas calou-se ante à sociedade mexicana que cobrou sua auto-gestão e rejeitou a ingerência de Roma. Ano passado, esse mesmo parlamento aprovou a união civil que inclui casais homossexuais. A Cidade de México portanto dá um exemplo de coragem e de vontade de construção de uma nova sociedade, respeitosa dos direitos individuais.
Enquanto no Brasil, o país mais sensual do mundo, onde as mulheres são liberais, gostosas e donas dos seus corpos... ??
Parabéns à Cidade do México, onde apesar de tudo, me orgulho de viver.

terça-feira, 17 de abril de 2007

Na Costa Rica




Lembro bem dos primeiros artigos e livros texto que li sobre ecologia de florestas tropicais há alguns anos. Muitos faziam reiteradas referências a trabalhos realizados numa das mais famosas estações de biologia tropical das Américas e do mundo, La Selva, na Costa Rica. De fato, a estação biológica de La Selva, que pertence a OET (Organização para Estudos Tropicais), tem mais de 40 anos funcionando em uma reserva de mais ou menos 1500ha. Nesse lugar, muitos pesquisadores mitológicos em ecologia tropical botaram seus pés. A estação é um lugar lindíssimo, rios, matas exuberantes e fauna, muuuuita fauna. Trabalhar aqui é uma maravilha, refeitório com comida de primeira, cabines de alojamento com todo o conforto necessário para uma vida cômoda. Trilhas pavimentadas, árvores georreferenciados, imagens de satélite, mapas de solo, vegetação e rios detalhadíssimos. Tem mais, laboratórios com balanças de precisão, máquinas de PCR (para análises genéticas), herbário, coleção zoológica, biblioteca, bancop de imágens de plantas e algumas outras coisas mais que ainda nem conheci. Obviamente o preço para usar tudo isso não é dos mais amistosos, 29 USD por dia. Mas com tudo isso e 3 refeiçõesaté que não é tão caro. Claro, pra quem se acostumou a comer charque com feijão e andar por trilhas feitas a própio punho pelas matas de Alagoas isso é luxo. Mas foi à partir daí que percebi a distância que nos separa dos gringos em termos de recursos para fazer ciência. Durante minha estadia aqui em La Selva conheci a muitos estudantes gringos realizando diversos trabalhos desde teses de graduação, mestrado e doutorado. Inclusive gringos que vieram à La Selva para pensar sobre sua vida e o que vão fazer como projetos. Claro, para eles não é tão pesado tomar um avião à Costa Rica e passar 3 mêses em La Selva coletando dados e gastar 5000 USD de uma sentada. Estudar ecolocalização dos morcegos com gravadores de 20.000 USD, seleção sexual de aves de sub-bosque pintado as bichinhas de amarelo e medindo variações na cor original com um medidor que mais parece uma coisa espacial. Mapear 50ha de floresta e realizar sensos mensais para saber que morre, que nasce, quanto cresce, etc. Isso é fantástico. Mas caro, muito caro.
Mas é também daqui da Costa Rica que vem um dos melhores exemplos de como se pode fazer boa ciência de qualidade com uma livreta de campo, trena e lápis. Daniel Janzen, um gringo adotado pela Costa Rica que vive num parque nacional (Guanacaste) e que há 40 anos vem perturbando os ecólogos com suas teorias e hipótesis que todo mundo quer testar. Daniel Janzen boa parte de seu trabalho com uma livreta de campo, lápis, trena um excelente conhecimento de históiria natural das espécies e muita criatividade. Bom, esses elementos são definitivamente imprescindíveis para a boa ciência. Se aliamos a isso uma boa quantidade de recursos, melhor ainda. Mas sem dúvida o diferencial está na parte que é acessível à todos.
Outros exemplos de vida e de compormisso com a biologia estão por todos lados na Costa Rica, um país que vive do turismo que é atraído pela sua flora e fauna conservada e muito bem administrada em um eficiênte sistema de parques nacionais. Claro, Costa Rica é um país com 4 milhões de habitantes, uma área do tamanho de Sergipe, cheio de montanhas e vulcões. Todos dizem que nessas circunstâncias é fácil conservar a biodiversidade e proteger por lei 25% do país em parques. Isso é certo. Mas essa afirmação não nos ajuda em nada, na verdade, Costa Rica dá um exemplo de que as soluções existem, que eles encontraram as suas. A principal lição que estou aprendendo aqui é que conservar é preciso, possível e prazeiroso. E que a ciência para a conservação é uma das melhores maneiras de fazê-lo.

Em breve mais sobre Costa Rica.

terça-feira, 27 de março de 2007

Dicussões sobre discussões

Esse negócio de Orkut é realmente uma lenga-lenga sem limites. Eu estou numa “comunidade” de brasileiros que moram no México, não sei nem por que. Aqui no México só temos uma amiga brasileira, amizade sincera, mas que demorou para que nós aceitássemos. Bom, de vez em quando dou uma fuçada nessa comunidade para ver alguma coisa, no geral só tem gente falando merda, chamando pra festa de brasileiros (que é uma merda) ou pedindo informação sobre o México. Mas tem um cidadão que resolveu soltar os cachorros dele e constantemente tem colocados coisas ofensivas ao México, às mulheres brasileiras que estão no México, clona perfis dos outros, fala uma coisa, diz outra, dá uma de esquizofrênico. As pessoas da comunidade entram na onda dele e começam... “Esse cara é um babaca, fala mal do país que dá de comer pra ele” “é um imbecil”, bla, blá, blá. Verdade que ele usa palavras nada educadas e fala um monte de merdas. É um mauricinho gaúcho que veio pro México representando uma empresa multinacional, ganha bem e pelos seus próprios depoimentos, teve uma vida de mauricinho no Brasil e se vangloriava de acabar um carro por semana fazendo farra. Um babaca!
Mas uma coisa é interessante nesse mar de imbecilidades. O babaca fala coisas que no fundo todo brasileiro pensa sobre o México. Que o México tem maus serviços, que o transporte público é uma merda, que as coisas são caras, que é violento...Lembro muito bem que quando fomos a um maldito churrasco de brasileiros aqui, foi só isso que eu ouvi, queixas e mais queixas, além de pagode e axé até quase ter convulsões. E pior, a maioria desses queixosos eram gente que ganhava bom dinheiro aqui, moravam em bairros ricos e não utilizavam quase nunca o serviço de transporte público. No final das contas quase nenhum brasileiro está aqui por opção.
O importante desse fato é o porquê desse pensamento. É normal que na condição de estrangeiro comecemos a comparar coisas entre nossa terra natal e o lugar atual onde vivemos. Confesso que passamos por isso aqui no México, depois do deslumbramento com o novo vêm as comparações. Mas passa. Logo nos acostumamos às idiossincrasias mexicanas e as críticas são feitas como também fazemos ao Brasil. Tudo na Europa e gringolândia é fantástico, limpo, organizado, o povo é bonito. Todos os brasileiros estão dispostos a comer o pão que o diabo amassou em qualquer desses lugares ainda que seja discriminado e tratado como merda. Tudo pela sensação de estar no primeiro mundo. Para usufruir de bons serviços, de eletro-eletrônicos baratos, de gente loira, de olhos azuis.
Meu cunhado Daniel que agora se encontra estrangeiro na Holanda comentou algo interessante sobre isso. Usando uma citação que não recordo disse: ’O homem que acha a sua pátria agradável não passa de um jovem principiante; aquele para quem todo solo é como o seu próprio já está forte; mas só é perfeito aquele para quem o mundo inteiro é como um país estrangeiro’

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Ditados mexicanos... e mundiais

Sempre gostei dos ditados quando esses são bem aplicados. Aqui no México é muito comum que se use ditados pra ilustrar situações em que as vezes se encaixam e nos ensinam coisas importantes. A ver...

"Si el río suena es porque água trae"
(Onde há fumaça há fogo)
"Lo pero es nada"
(É melhor que nada)
"El pendejo es pendejo a su favor"
(Idiotas são idiotas a seu favor)
"Estás como los frijoles: al primer hervor se arrugan".
(Covardes que se cagam de medo com a primeira pressão)
"Comes frijoles y eructas jamón"
(Referindo-se às pessoas pobres de origem e prepotentres)
"Para dejar el pellejo, lo mismo es hoy que mañana".
(Se vás morrer, que importa o momento?)
"No vengo porque puedo, sino porque puedo vengo"
(Corajosos)
"En la boca del mentiroso lo cierto se hace dudoso".
(Não precisa tradução)
"Están a darnos atole con el dedo"
(Manter às pessoas quietas dando-lhes um pouquinho de ajuda, ainda que possas dar mais. Alguma semelhança com as políticas sociais do Brasil não é mera coincidência)
"A palabras de borracho, oídos de cantinero."
(Graçón, aqui nessa mesa de bar...)
"No comer por no cagar es dos veces ahorrar."
(Não comer para não cagar es duas vezes poupar. Pirangueiro)

E uma infidade mais de ditados que se usa coloquialmente entre mexicanos.