domingo, 25 de setembro de 2005

Casamento mexicano

Que legal. Por primeira vez fomos a um casamento mexicano. Dois amigos se casaram esse sábado numa festa bastante interessante.
Mexicano é "brega", e obviamente a cerimônia oficial de casamento, com juíz e tudo mais foi numa casa de eventos com toalhas e cortinas amarelo-gema, flores artificiais de todas as cores e formas por todo lado, guardanapos dobrados exquisitamente e outras poluições visuais que davam ar de chique num "barrio bravo" da Cid. do México. Foi muito interessane ver os noivos e convidados dançando ao ritmo de salsas, cumbias, danzón, merengue e até um remix com músicas de Jorge Ben setenteiras. A noiva joga o buquê, o homem, bem ao estilo mexicano macho, se meteu embaixo do vestido da noiva e tirou um pedaço da sua cinta-liga e o jogou numa atitude de pré-desvirginação em público muito de macho. Tudo muito tradicional aqui. Ademais tudo era comandado por um mestre de cerimônias com microfone que anunciava tudo que ia acontecer e até organizava a multidão nas brincadeiras. Um casamento "standard" mexicano para apresentar os noivos à sociedade e todo esse blá-blá-blá.
Mas depois daí é que veio a festa real e autêntica. Nos dirigimos à casa dos pais da noiva e numa rua que me lembrava o Eng. do Meio (minha querida terra natal)onde estavam todos os familiares e sobre tudo vizinhos. Uma típica "vecindad" mexicana. Fomos recebidos por um dos vizinhos porque os noivos ainda não haviam chegado. Nos ofereceram um brinde e começaram a falar da noiva, que a conheciam desde embrião e que a consideravam filha e toda essa história de vizinho-família já meio "borracho" de tanta tequila. Então chegaram os noivos e nos conduziram à casa da noiva que entrou carregada sob uma salva de gritos e palmas. Em seguida começaram a chegar mais e mais vizinhos com panelas de comida, garrafas de bebida, gelo, pratos...Parecia que a festa tinha sido realmente organizada pela vizinhança, e de fao foi. Eu, já bem entrozado e tomando minha "cubita" de run nicaraguense envelhecido começava a conversar com "primos" e "primas" da noiva que não paravam de dedicar-lhe alogios e desejos de felicidade. De repente entram na casa um grupo de senhores, músicos bem trajados e elegantes com um "guitarrón" (aquele violão mexicano enorme) um violão e uma sanfona. Música ao vivo maravilhosamente executada em homenagem os noivos, Marina e eu dançamos mais ainda ao som de "boleros", "rancheras" e "chilenas" numa sala apertada entre mesas com bolo, estantes com livros, jarrinhos de flores e quadros com fotos da noiva quando da sua festa de XV anos. Mais "cubitas" (não para Marina é claro)e já conheciamos toda a festa e todos já nos consideravam da família e vieram os convites, declarações de amizade eterna e outros assuntos de borrachos emocionados, mas que sinceramente ou inocentemente considero verdadeiros. Maís música, todos cantando, até toquei violão. A festa seguia sem desanimar-se, uma verdadeira demonstração de amizade e dedicação aos noivos que alegremente desfrutavam de seu dia.
Saimos dalí com bastante alegria e com uma boa sensação de que as coisas reais e autênticas são simples e que a alegria "standard" de um salão de festas é um simulacro ridículo do mundo.

domingo, 18 de setembro de 2005

A Independência


No último 15 de setembro presenciei uma grande festa popular do México. O dia da independência ou popularmente conhecido como o "dia do grito", por que nesse dia, precisamente às 23:00 há 195 anos atrás o padre Hidalgo de Castilla y León deu o grito de "Viva México, viva la independencia". Desde então os mexicanos comermoram a sua independência do império espanhol repetindo quase o mesmo grito, com a diferneça de que se acrescentou outros "vivas" aos heróes da independência como o mesmo padre, e a outros personagens históricos que lutaram pela soberania mexicana em outros momentos.
Interessante, todas as ruas e casas estão decoradas com bandeiras tricolores, escudos e águias encima de um cactus. As crianças de vestem de campesinos, revolucionários ou simplesmente colocamum "sombrero" e um bigode. Todos os símbolos nacionais estão pela rua, tudo que representa de alguma forma a mexicanidade é exaltado.
Por um lado, me pareceu uma bonita demonstração de patriotismo, de amor a nação e a afrimação da identidade mexicana. Para mim, um brasileiro que no dia da independência costumava ir à praia ou ao grito dos excluídos (uma vez) e cuja maior demonstração de patriotismo dos meus compatriotas (minha também) via numa copa do mundo ou nas corridas de F1 na época de Senna, ver todo esse fervor patriótico mexicano é bastante interessante.
Por outro lado, é evidente que esse culto aos símbolos nacionais mexicanos é ensinado e ensaiado desde criança pela família e escola, assim como é feito com o culto à Virgen de Guadalupe. Sim, essa festa pátria é uma espécie de culto cego e religioso aos símbolos nacionais, a Virgen também é um símbolo nacional. É evidente que isso serve ao poder num país como o México, é um entorpecimento comparável a uma seção evengélica ou carismática das mais fanáticas. Todos amam ao México e se amam como mexicanos nesse momento, ainda que no dia seguinte continuem discriminando ao indígenas - "pinche indio". São 15 milhões de índios puros que continuam à margem da sociedade mexicana. Lembro dos festejos dos 500 anos de Brasil quando desceram o cacete nos índios que se dirigiam a Cabrália. A afrimação da nacionalidade também serve para excluir aqueles que não estão de acordo com o modelo de nação vigente. Não, ninguém se atreve a questionar que México queremos? Nesse dia não! É pecado. Então se alcança o objetivo subliminar de demonstrações fanáticas de amor e pertenência, a anestesia, o automatismo.
O amor à pátria é uma virtude que se expressa no sentimento de irmandade. Mas isso só é possível na inclusão social de todos os que estão à margem da nação. Gritar "¡viva México cabrones!" é afrimar-se como mexicano, decendente de índios como são 90% da população desse país, é defender a causa dos que ainda não podem gritar um viva porque ainda não comeram, é gritar por justiça social para o México, isso sim me parece um verdadeiro grito de independência. Enquanto houver legiões de miseráveis na América Latina nunca poderemos gritar um "Viva" pleno, porque estaremos ainda reféns da pobreza e da dominação elitista.

¡Viva México! ¡Viva Brasil! ¡Viva América! !Justicia para los pueblos! !VIVA LA INDEPENDENCIA!

sábado, 10 de setembro de 2005

Hoje se casa meu amigo.

Hoje se casa um grande amigo.
Há dez anos, casar era coisa longínqua.
Disfrutávamos a irresponsabilidade solitária,
A liberdade inconsequente da juventude.

Mas também sonhávamos com amores eternos
Com vidas compartilhadas, filhos e casa.
Até o sexo, pouco ou nada frequente então
Era mais um dos desejos realizáveis num matrimônio.

Agora que as aspirações são mais nobres,
Menos egoístas que há dez anos,
Casar é aventurar-se em companhia.
É ter filho para alimentar as esperanças num mundo melhor.
É ser inconsequente e livre nos recorridos anatômicos,
É ser padrinho, madrinha, tio e tia.

Meu amigo se casa hoje... Saudades e Felicidades!