domingo, 18 de setembro de 2005
A Independência
No último 15 de setembro presenciei uma grande festa popular do México. O dia da independência ou popularmente conhecido como o "dia do grito", por que nesse dia, precisamente às 23:00 há 195 anos atrás o padre Hidalgo de Castilla y León deu o grito de "Viva México, viva la independencia". Desde então os mexicanos comermoram a sua independência do império espanhol repetindo quase o mesmo grito, com a diferneça de que se acrescentou outros "vivas" aos heróes da independência como o mesmo padre, e a outros personagens históricos que lutaram pela soberania mexicana em outros momentos.
Interessante, todas as ruas e casas estão decoradas com bandeiras tricolores, escudos e águias encima de um cactus. As crianças de vestem de campesinos, revolucionários ou simplesmente colocamum "sombrero" e um bigode. Todos os símbolos nacionais estão pela rua, tudo que representa de alguma forma a mexicanidade é exaltado.
Por um lado, me pareceu uma bonita demonstração de patriotismo, de amor a nação e a afrimação da identidade mexicana. Para mim, um brasileiro que no dia da independência costumava ir à praia ou ao grito dos excluídos (uma vez) e cuja maior demonstração de patriotismo dos meus compatriotas (minha também) via numa copa do mundo ou nas corridas de F1 na época de Senna, ver todo esse fervor patriótico mexicano é bastante interessante.
Por outro lado, é evidente que esse culto aos símbolos nacionais mexicanos é ensinado e ensaiado desde criança pela família e escola, assim como é feito com o culto à Virgen de Guadalupe. Sim, essa festa pátria é uma espécie de culto cego e religioso aos símbolos nacionais, a Virgen também é um símbolo nacional. É evidente que isso serve ao poder num país como o México, é um entorpecimento comparável a uma seção evengélica ou carismática das mais fanáticas. Todos amam ao México e se amam como mexicanos nesse momento, ainda que no dia seguinte continuem discriminando ao indígenas - "pinche indio". São 15 milhões de índios puros que continuam à margem da sociedade mexicana. Lembro dos festejos dos 500 anos de Brasil quando desceram o cacete nos índios que se dirigiam a Cabrália. A afrimação da nacionalidade também serve para excluir aqueles que não estão de acordo com o modelo de nação vigente. Não, ninguém se atreve a questionar que México queremos? Nesse dia não! É pecado. Então se alcança o objetivo subliminar de demonstrações fanáticas de amor e pertenência, a anestesia, o automatismo.
O amor à pátria é uma virtude que se expressa no sentimento de irmandade. Mas isso só é possível na inclusão social de todos os que estão à margem da nação. Gritar "¡viva México cabrones!" é afrimar-se como mexicano, decendente de índios como são 90% da população desse país, é defender a causa dos que ainda não podem gritar um viva porque ainda não comeram, é gritar por justiça social para o México, isso sim me parece um verdadeiro grito de independência. Enquanto houver legiões de miseráveis na América Latina nunca poderemos gritar um "Viva" pleno, porque estaremos ainda reféns da pobreza e da dominação elitista.
¡Viva México! ¡Viva Brasil! ¡Viva América! !Justicia para los pueblos! !VIVA LA INDEPENDENCIA!
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