Sempre que quero escutar Elomar me preparo para uma viagem, uma epécie de entorpecimento mental e sentimental. Sua música é impressionantemente mágica. Não consigo escutar suas cançoes embaladas ao violão minuciosamente dedilhado sem me transportar a um mundo diferente. Não sou sertanejo, mas conheço bem a miséria dessa região e de outras igualmente miseráveis e lindas onde tive a sorte de trabalhar e conviver com a gente. Lembro da vida dura, sofrida mas contraditoriamente bonita que se leva nesses lugares.
"ô zefinha o luar chegou meu bem..."
Sinto a indignação dos trabalhadores canavieiros que sofrem de uma espécie de escravidão.
"É a cegueira de deixar um dia de ser pião
num dançar mais amarrado no pescoço cum cordão
de num sê mais impregado di tumbém num sê patrão..."
Me transporto a eras medievais, de princesas e cavaleiros figuravam as fantasias de orígem ibérica que nos incutiam como enlatados em programas de Xuxa, mas que agora sim me parecem belas fantasias.
" Certa vez um certo príncipe apaixonou-se por uma donzela
Intiada de um Rei lá do Reino de Castela...
Mala sorte é que ele foi morrendo de amor pru ela
I pru mode das arma o rei lhe negou intonce a mão dela
Imbuçado com um velo com o semblante ocultado
Pelas porta do Castelo mendigava apaioxado
Té qui un dia essa princesa, desceu feito um sarafim
Ele intoce pidiu a ela que lhe incinasse o camin...
Vê que um pobre cego não enxerga o camin..."
Imagino rodas de cantoria sob a Lua com a gente alegre e simples
"Vem João, trás a viola seguro na mão
pega as mandurevba atiça os tição
Carrega pro terrero os banco e as cadeira
E chama as menina pra rodar um baião..."
Volto às feiras de Ibateguara, passeios singelos de um domingo. Oportunidade de ver gente pra quem vive enfiado nos sítios.
"Já que tú vai lá pra feira, traga de lá para mim..."
Imagino até viagens alucinógenas...
"Monjas cavalgadas vindas de estrelas, mundo recuado..."
Mas o mais significante é a certeza de uma vida simples e feliz, com poesia, amor e esperança num mundo melhor. Coisas tão difíceis no mundo atual de vaidades acadêmicas, oude coisas mais cruas como lutas desesperadas pela sobrevivência.
Conheçam e escutem Elomar
quinta-feira, 25 de agosto de 2005
Quem são os terroristas?
Leiam isso que está na Carta Maior.
Afinal de contas os bárbaros, fanáticos religiosos e terroristas são os outros.
Puta que Pariu, olha a cara de ovelhinha do safado!
Até parece o Baby Bush!
Vai ser filho da puta assim lá na Gringolândia
http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?id=3404&cd_editoria=005&coluna=reportagens
domingo, 21 de agosto de 2005
Churrasco Brasileiro
Sábado dia 20 fomos eu e Nina pra um churrasco da comunidade brasileira que vive no México.
Depois de tanto tempo sem comer picanha, e de falar português somente com Nina, até que me pareceu uma boa idéia conhecer uns brasileiros e comer uma carninha assada num corte decente.
Chegamos no local de festa (por sinal longe que só a porra) e fomos recebidos ao som do "é o tchan". Pensei: Meu Deus o que é que eu tô fazendo aqui? Abstraí, comecei a tomar cerveja, comer churrasco e conversar com o mexicano que nos deu carona, um cara legal que foi casado com uma carioca e tinha todo o sotaque e girias dos cariocas mais da gema. Tentei puxar conversa com alguns brasileiros, uns gaúchos, outros paulistas. Sem sucesso voltei a conversar com outro mexicano que era casado com uma goiana. A música se revesava entre "Axé" e pagodes pegajosos. Uma verdadeira tortura. Das pessoas que conheci todos eram funcionários de empresas que os transferiram pra cá ou coisa semelhante. E numa coisa todos concordavam, quando eu lhes perguntava se estavam gostando do México todos dizíam: "É né, tô me acostumando". Tudo bem que a Cid. do México não é a melhor das maravilhas de cidade, mas tem seu encanto, sua alma e sobre tudo acolhe muito bem a todos os estrangeiros, principalmente brasileiros.
Nós realmente estávamos no lugar errado! Música ruim, pessoas pouco simpáticas com visões muito estreitas sobre o que é viver no México. Uma bizarra mostra do que é a brasileiridade burra, que escuta lixo comercial, dança passinhos ensaiados de dançarina de Faustão e acha que o Brasil é o melhor país do mundo só porque tem gente bonita e alegre. Infelizmente a passagem dessas pessoas pelo México não as ensinará muito porque simplesmente não estão abertas a viver outra experência, uma experiência de latinidade, de se descobrir realmente irmão dos tantos outros latinos que nos cercam. Sei que nem todos eram assim lá, mas evidentemente a dominância era desse tipo de gente. Parebéns aos organizadores que não deixaram faltar cerveja nem carne e pela coragem de fazer uma reunião com tanta gente. Agradeço a festa, mas prefiro reunir-me com meus amigos mexicanos, são muito mais interessantes e autênticos que a maioria dos "paisanos" que eu conhecí aqui.
¡Viva México Cabrones!
Depois de tanto tempo sem comer picanha, e de falar português somente com Nina, até que me pareceu uma boa idéia conhecer uns brasileiros e comer uma carninha assada num corte decente.
Chegamos no local de festa (por sinal longe que só a porra) e fomos recebidos ao som do "é o tchan". Pensei: Meu Deus o que é que eu tô fazendo aqui? Abstraí, comecei a tomar cerveja, comer churrasco e conversar com o mexicano que nos deu carona, um cara legal que foi casado com uma carioca e tinha todo o sotaque e girias dos cariocas mais da gema. Tentei puxar conversa com alguns brasileiros, uns gaúchos, outros paulistas. Sem sucesso voltei a conversar com outro mexicano que era casado com uma goiana. A música se revesava entre "Axé" e pagodes pegajosos. Uma verdadeira tortura. Das pessoas que conheci todos eram funcionários de empresas que os transferiram pra cá ou coisa semelhante. E numa coisa todos concordavam, quando eu lhes perguntava se estavam gostando do México todos dizíam: "É né, tô me acostumando". Tudo bem que a Cid. do México não é a melhor das maravilhas de cidade, mas tem seu encanto, sua alma e sobre tudo acolhe muito bem a todos os estrangeiros, principalmente brasileiros.
Nós realmente estávamos no lugar errado! Música ruim, pessoas pouco simpáticas com visões muito estreitas sobre o que é viver no México. Uma bizarra mostra do que é a brasileiridade burra, que escuta lixo comercial, dança passinhos ensaiados de dançarina de Faustão e acha que o Brasil é o melhor país do mundo só porque tem gente bonita e alegre. Infelizmente a passagem dessas pessoas pelo México não as ensinará muito porque simplesmente não estão abertas a viver outra experência, uma experiência de latinidade, de se descobrir realmente irmão dos tantos outros latinos que nos cercam. Sei que nem todos eram assim lá, mas evidentemente a dominância era desse tipo de gente. Parebéns aos organizadores que não deixaram faltar cerveja nem carne e pela coragem de fazer uma reunião com tanta gente. Agradeço a festa, mas prefiro reunir-me com meus amigos mexicanos, são muito mais interessantes e autênticos que a maioria dos "paisanos" que eu conhecí aqui.
¡Viva México Cabrones!
sexta-feira, 19 de agosto de 2005
Mais dinheiro às campanhas eleitorais que ao combate à pobreza!
Nesse momento (praticamente eterno) de crise política no Brasil, muito se tem dicutido sobre a bendita reforma política, financiamento público de campanha, fidelidade partidária, conjugal, emocional... Mas uma vez a solução do Brasil está nas REFORMAS. Haja reformar ese país, já vejo a hora de estourar o orçamento, deixar-mos de pagar os pedreiros e aí BUM! A casa cai.
É caixa dois prá lá, verbas de campanha pra cá e novamente se discute o financiamento público de campanhas. Obviamente isso é apresentado como a solução para evitar tanto desvío de dinheiro e troca de favores entre financiadores e financiados. Aqui no México o financiamento de campanha é público, ou quase público, na verdade é uma mistura dos dois. 2006 é ano de elição presidencial no México e o IFE (Instituto Federal Eleitoral) aporta grande parte do dinheiro destinado às campanhas eleitorais dos partidos do México. Para essas eleições o orçamento é de "míseros" 13 bilhões de pesos, cerca de 1,3 bilhões de dólares (sic.). Esse montante ultrapassa os investimentos de muitos programas de Saúde, Educação, Cultura e Meio Ambiente e combate à Pobreza nesse país, não juntos mas... puta que pariu (La Jornada 15 de agosto - http://www.jornada.unam.mx/2005/ago05/050815/)! Aparte disso também é permitido que os partidos e candidtos recebam "doações" de campanha do setor privado. Não quero nem pensar na soma total.
Agora eu pergunto: Será que isso vai acontecer no Brasil? Estou certo que sim e aí haja estômago para aguentar saber que se gasta mais dinheiro com eleições que com programas culturais, educacionais, ambientais e de combate à miséria num país em calamidade pública como o nosso.
Todos os dias vou pra UNAM num "pesero" cheio de gente pobre, vejo a miséria nese país fazendo vítimas sobre tudo a população indígena pura (cerca de 15 milhões ou 12% da população mexicana residente), aos seus decendentes retirantes na Cid. do México e penso: Que merda de mundo é esse!
Financiar publicamente as campanhas no Brasil pode ajudar a evitar a lavegem de dinheiro, a proliferação de caixa 2 a sonegação e todos eses males congênitos da política latinoamericana. Entretanto não evitará que as relações incestuosas entre governo e elites deixem de acontecer, afinal um não vive sem o outro. Se vamos optar por um financiamento público de campanha, preparemos nossos estômagos para engolir cifras milhonárias aos partidos ultrapassando programas de saúde, educação, cultura e princiaplemente os limites da decência e do bom senso. Vide o México.
É caixa dois prá lá, verbas de campanha pra cá e novamente se discute o financiamento público de campanhas. Obviamente isso é apresentado como a solução para evitar tanto desvío de dinheiro e troca de favores entre financiadores e financiados. Aqui no México o financiamento de campanha é público, ou quase público, na verdade é uma mistura dos dois. 2006 é ano de elição presidencial no México e o IFE (Instituto Federal Eleitoral) aporta grande parte do dinheiro destinado às campanhas eleitorais dos partidos do México. Para essas eleições o orçamento é de "míseros" 13 bilhões de pesos, cerca de 1,3 bilhões de dólares (sic.). Esse montante ultrapassa os investimentos de muitos programas de Saúde, Educação, Cultura e Meio Ambiente e combate à Pobreza nesse país, não juntos mas... puta que pariu (La Jornada 15 de agosto - http://www.jornada.unam.mx/2005/ago05/050815/)! Aparte disso também é permitido que os partidos e candidtos recebam "doações" de campanha do setor privado. Não quero nem pensar na soma total.
Agora eu pergunto: Será que isso vai acontecer no Brasil? Estou certo que sim e aí haja estômago para aguentar saber que se gasta mais dinheiro com eleições que com programas culturais, educacionais, ambientais e de combate à miséria num país em calamidade pública como o nosso.
Todos os dias vou pra UNAM num "pesero" cheio de gente pobre, vejo a miséria nese país fazendo vítimas sobre tudo a população indígena pura (cerca de 15 milhões ou 12% da população mexicana residente), aos seus decendentes retirantes na Cid. do México e penso: Que merda de mundo é esse!
Financiar publicamente as campanhas no Brasil pode ajudar a evitar a lavegem de dinheiro, a proliferação de caixa 2 a sonegação e todos eses males congênitos da política latinoamericana. Entretanto não evitará que as relações incestuosas entre governo e elites deixem de acontecer, afinal um não vive sem o outro. Se vamos optar por um financiamento público de campanha, preparemos nossos estômagos para engolir cifras milhonárias aos partidos ultrapassando programas de saúde, educação, cultura e princiaplemente os limites da decência e do bom senso. Vide o México.
quinta-feira, 11 de agosto de 2005
Os vulcões do México
Hoje o dia amanhceu lindo, céu limpo, azul e fresco.
Saí de casa às 9:00 ruma à UNAM, subi no "pesero" como diariamente o faço, mecanicamente num trabalho mental para aguentar a 1 h de percurso até a UNAM. Numa cidade de 20 milhões de habitantes, com tanta poluição atmosférica o céu dificilmente é um atrativo e quase nunca as pessoas olham pra cima. Entretanto nesse dia bonito lembrei-me dos vulcões Popocatépetl e Iztacíhuatl que ficam aqui a escassos kilômetros dessa metrópole. - Talvez se posssa ver os vulcões com esse céu limpo-. Pra minha surpresa e maravilha estavam lá os dois, lado a lado, gigantes elevando-se a mais de 5000 metros. Nesse dia até seus nomes lhes eram perfeitos. O "Izta" como é conhecida a "mulher deitada" em Náhuatl, esava lindo, nevado e parecia realmente dormindo entre as ralas nuvens constantes a essa altitude. O "Popo" "montanha fumegante" estava raivoso, com um enorme coluna de cinza e fumaça que mais parecia uma cabeleira.
Esses dois vulcões estão intimamente ligados à história do México, sobre tudo à dos Aztecas. No Popo se realizavam sacrifícios humanos, no Izta se realizavam oferendas de flores e peregrinações. Entre os dois está o "paso de Cortés" por onde chegaram ao Vale do México os conquistadores espanhóis. Eram dois Deuses para os Aztecas, pra mim também o são. Duas montanhas tão lindas a poucos kilômetros da Chilangolândia Babilonesca é uma fator de adoração. Pena que quase não se pode vê-los pela contaminação do ar que escurece o céu e nos priva do horizonte.
Mas sempre que os vejo fico feliz, talvez por sentirme pequeno diante de tanta imponencia da natureza, talvez por lemrar-me do mundo afora da maior cidade do mundo, talvez por serem realmente Deuses.
domingo, 7 de agosto de 2005
Revisitei-me
E quase me dei conta de quanto tempo estive fora
Por um segundo soube da saudade que sentia de mim
Das ânsias de mudar o mundo, de fazer de minha vida um exemplo.
Senti outra vez a sensação boa de dominar meu futuro
De saber o certo e o errado, e escolher o errado só pra estar contra.
Senti outra vez o sabor da vida simples, abastecida de sonhos
Então pensei no filho (a) que sempre quiz ter, que vou ter
Que queria nascer com ele só pra dizê-lo que o sonho voltou
Que a esperança está na vida nossa abastecida dos mesmos sonhos
Outrora tão complicados, agora tão necessários.
Revisitei-me no mesmo instante em que decidi ficar definitivmente em mim.
E quase me dei conta de quanto tempo estive fora
Por um segundo soube da saudade que sentia de mim
Das ânsias de mudar o mundo, de fazer de minha vida um exemplo.
Senti outra vez a sensação boa de dominar meu futuro
De saber o certo e o errado, e escolher o errado só pra estar contra.
Senti outra vez o sabor da vida simples, abastecida de sonhos
Então pensei no filho (a) que sempre quiz ter, que vou ter
Que queria nascer com ele só pra dizê-lo que o sonho voltou
Que a esperança está na vida nossa abastecida dos mesmos sonhos
Outrora tão complicados, agora tão necessários.
Revisitei-me no mesmo instante em que decidi ficar definitivmente em mim.
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