sábado, 3 de novembro de 2007
Os mortos
No que há e mais parecido a um carnaval no México, todos se disfarçam e vão às ruas para comemorar o dia de mortos, cada vez mais parecido a um halloween gringo. Se vêem vapiros, diabinhos, uma infinidade de Chucks e Freddys assassinos. Poucas mas bem produzidas meninas vestidas de Catrina são algo que vale a pena ver. Não tenho ideia da quantidade de pessoas que ainda fazem altares para seus mortos, com todas as coisinhas miúdas que eles gostavam...cigarros, tequila, música, comida. Engraçado, assumimos que o que os mortos têm saudade mesmo é dessas coisas que na verdade são o que somos, nossos vícios, virtudes e gulas. Por isso, fiz pra minha comadre Keka e meu amigo Alexandre, um altarzinho com todas essas coisas mencionadas já que os dois eram da boemia. É diferente pensar nos mortos aqui no México.
Esse ano na UNAM o tema das oferendas era José Guadalupe Posada, talvez o artista gráfico que mais deu cara à morte moderna mexicana. Ele usava a representação mais simples e ao mesmo tempo mais completa da morte, as caveiras, os esqueletos. Seus gravados satirizavam a alta sociedade e os políticos do México há mais ou menos 100 anos. Guadalupe dizia que a morte é democrática e todos um dia vamos virar caveira. A morte ganhava contexto de revolução comunista, igualando a todos uma vez que somos só ossos, despidos.
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