Esse negócio de Orkut é realmente uma lenga-lenga sem limites. Eu estou numa “comunidade” de brasileiros que moram no México, não sei nem por que. Aqui no México só temos uma amiga brasileira, amizade sincera, mas que demorou para que nós aceitássemos. Bom, de vez em quando dou uma fuçada nessa comunidade para ver alguma coisa, no geral só tem gente falando merda, chamando pra festa de brasileiros (que é uma merda) ou pedindo informação sobre o México. Mas tem um cidadão que resolveu soltar os cachorros dele e constantemente tem colocados coisas ofensivas ao México, às mulheres brasileiras que estão no México, clona perfis dos outros, fala uma coisa, diz outra, dá uma de esquizofrênico. As pessoas da comunidade entram na onda dele e começam... “Esse cara é um babaca, fala mal do país que dá de comer pra ele” “é um imbecil”, bla, blá, blá. Verdade que ele usa palavras nada educadas e fala um monte de merdas. É um mauricinho gaúcho que veio pro México representando uma empresa multinacional, ganha bem e pelos seus próprios depoimentos, teve uma vida de mauricinho no Brasil e se vangloriava de acabar um carro por semana fazendo farra. Um babaca!
Mas uma coisa é interessante nesse mar de imbecilidades. O babaca fala coisas que no fundo todo brasileiro pensa sobre o México. Que o México tem maus serviços, que o transporte público é uma merda, que as coisas são caras, que é violento...Lembro muito bem que quando fomos a um maldito churrasco de brasileiros aqui, foi só isso que eu ouvi, queixas e mais queixas, além de pagode e axé até quase ter convulsões. E pior, a maioria desses queixosos eram gente que ganhava bom dinheiro aqui, moravam em bairros ricos e não utilizavam quase nunca o serviço de transporte público. No final das contas quase nenhum brasileiro está aqui por opção.
O importante desse fato é o porquê desse pensamento. É normal que na condição de estrangeiro comecemos a comparar coisas entre nossa terra natal e o lugar atual onde vivemos. Confesso que passamos por isso aqui no México, depois do deslumbramento com o novo vêm as comparações. Mas passa. Logo nos acostumamos às idiossincrasias mexicanas e as críticas são feitas como também fazemos ao Brasil. Tudo na Europa e gringolândia é fantástico, limpo, organizado, o povo é bonito. Todos os brasileiros estão dispostos a comer o pão que o diabo amassou em qualquer desses lugares ainda que seja discriminado e tratado como merda. Tudo pela sensação de estar no primeiro mundo. Para usufruir de bons serviços, de eletro-eletrônicos baratos, de gente loira, de olhos azuis.
Meu cunhado Daniel que agora se encontra estrangeiro na Holanda comentou algo interessante sobre isso. Usando uma citação que não recordo disse: ’O homem que acha a sua pátria agradável não passa de um jovem principiante; aquele para quem todo solo é como o seu próprio já está forte; mas só é perfeito aquele para quem o mundo inteiro é como um país estrangeiro’